segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Super Eu.

Ouço um grito de socorro. E lá vou eu correndo com minha fantasia colorida. Largando tudo e todos da minha vida pessoal para salvar um estranho que precisa de ajuda. Entro na cabine telefônica. Um giro supersônico e pronto. Estou com a minha roupa. Corro com uma velocidade além da imaginação. Salto, desvio, faço de tudo um pouco para chegar no lugar o mais rápido possível. E lá está o fraco e oprimido em perigo. Um vilão assalta sua pobre loja de frutas. Corro, surpreendo o vilão com a minha super-velocidade, o desarmo e com um soco ele cai desmaiado. Todos aplaudem. O velho me oferece um prêmio, eu nego. Eu faço por prazer e por que sou abençoado com poderes maiores do que os das pessoas comuns. Eu tenho que usar isso para o bem. Volto correndo para o que eu estava fazendo. E já é tarde. Minha oportunidade passou. Paciência.

Outro dia. E eu estou com uma mulher linda. Tudo parece caminhar para o desfecho que eu planejo. Meu sorriso já é antecipado ao da manhã na qual acordarei ao lado dela. Me preparo para pegar nossos casacos para sairmos dali e irmos para o meu apartamento. Mas o que é isso? Sirenes? Droga. Minha felicidade pode esperar. Mais uma vez corro para a cabine telefônica mais próxima. Me troco com o meu giro e corro acompanhando os carros de polícia. E quando chego na casa da moeda da cidade, vejo o local cercado. Os policiais me vêem e se sentem mais calmo. Eu pude ouvir comentários.

- Olhem... Ele chegou. Não estamos mais em perigo!!

Pode até se ouvir alguns aplausos. Eu dou um passo a frente. O sargento se aproxima e toca meu ombro.

- Cuidado... É o “Regret” que ta aí.

“Regret”. Meu pior inimigo. A luta provavelmente vai ser dura. Mas eu vou vencer. Eu tenho que vencer. Eles contam comigo. Dou um passo a frente sem falar muita coisa e vou para a porta. Posso sentir o Sargento nervoso. Ele sabe que eu posso me dar muito mal. Eu entro na casa da moeda e já vejo o rastro de destruição.Pessoas chorando de medo, mesas destruídas, janelas quebradas, balcões virados. E lá está ele. Com malas e malas de dinheiro. Ele me olha. Sabe que eu não posso deixar ele sair com aquilo tudo dali. Ele larga as malas e já corre na minha direção. Mal posso me preparar para a luta e já tomo um golpe forte no queixo. Envergo para trás mas logo sou forçado a envergar para frente por que ele complementou com um soco forte na barriga. Aproveito a posição e subo com um gancho no queixo ele. Ele da alguns passos para trás. Sorri.

- Não esperava menos de você.

Ele fala com um sorriso insano nos lábios. Eu respiro fundo um pouco cambaleante. Ele bate mais forte do que eu pensava. Maldito. Os golpes dele estão cada dia mais forte em mim. Me recupero e me preparo para a luta e corremos um na direção do outro. Socos, ponta pés. Eu vôo para um lado e bato na parede fazendo um grande buraco na mesma. Ele bate com uma mesa em mim. Logo em seguida e ele que esta voando e antes que ele possa atingir o chão já arremesso um daqueles armários de metal em cima dele. Mais buracos na estrutura. A luta se estende por horas a fio. E após muitos socos fortes e muitas coisas quebradas estamos de pé, um de frente para o outro. Ambos em cacos. Eu mal me agüento em pé. Ele já está apoiado em um dos joelhos. A cada respiração mais pesada torço para ele cair. Em vão. Ele continua em pé. Firme e forte. Droga. Cai, desgraçado. CAI! E nada. Ele sorri. Sabe que nenhum de nós tem condições de continuar a luta. Então como último movimento dele ele aperta um botão no cinto. E logo um carrinho voador adentra o local e para ao lado dele. Ele se joga no carrinho como pode e sai voando. E o máximo que posso fazer é esticar o braço na direção, na ilusão de que posso para ele. Pobre de mim. Olho para o lado, na direção da porta. A polícia vai entrar. Não posso deixar que me vejam assim. Me arrasto para os fundos do local e saio cambaleante e mal das pernas e caminho para meu apartamento. E a mulher do restaurante. Esqueci dela. Droga. Ela deve estar uma arara comigo. Paciência. Me jogo na cama. Naquele estado de calamidade pública e ligo a TV. A notícia é que o bandido escapou. Mas estão todos muito gratos a mim. Eu consegui impedir o assalto. Jogo a cabeça para trás, quando ouço o barulho da porta. Provavelmente é meu amigo. Um negro com sotaque da Bahia que sempre me ajuda e dá conselhos quando preciso.

- Você conseguiu!!

Solto um riso irônico e abro os braços.

- Olha o meu estado. Eu tomei uma surra. Que vergonha... Que vergonha...

Ele se senta ao meu lado me entrega um copo de água e um remédio para dor.

- Pode parecer absurdo... Mas não seja ingênuo. Até os heróis tem direito de sangrar.

7 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom Akino!ja falei que vc tem uma criatividade bizarra??
e dessa vez eu entendi ok?huahaua
bjoss

Malcovich, R. & Camplett, E. disse...

patati patata.. papanam panananananaaaaammm.. olha só.. a vida toda ele quis ser um heroi que usa a cueca por fora das calças.. tipo o Doug Funny.. Sim meu bom amigo, os herois tambem sangram, e vc já tem todo o direito de sangrar quando precisar. Vc é super heroi, super amigo, super pentelho tambem lá é verdade, mas super irmão, super pega no pé... super beeeesha ativa Ui!.. Mas eu amo de coração esse preto postiço com sotaque carioquês sangue bom! É nois na fita mano!! E termina o copo d'água, refresca a respiração que o super-sinal ja esta tremulando no ceu.. o seu mundo só para quando vc quiser.
Beijão Preto!

Anônimo disse...

Preciso de um super alguém. A criptonita fez efeito. Paciência.

Anônimo disse...

Heróis precisam de finais felizes.

Neves disse...

A obrigação de ser invencível é a fatal!

Anônimo disse...

um dos melhores!
(vc nem pediu e eu ja comentei! a-há!)

gostou do nome!? hahaha

Anônimo disse...

Atualiza isso aqui !!!! Te mandei um e-mail.