sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sem Nome.

(( Por simples bloqueio criativo ou por uma questão maior, esse fragmento não tem título. ))


Estava sentado lendo um livro. O dia era quente, mas agradável. Inserido no mar de letras, ele não se preocupava com nenhum estímulo externo, parecia impassível. Quando, sem que esperasse, seu sossego foi derrubado a golpes do toque do seu celular. Tomou um susto, bufou contrariado, e enquanto se acalmava do susto pegou o telefone e olhou para ver quem ligava. E na contramão do senso comum, que diz que quanto mais tempo pós susto, mais calmo se fica, ele tomou outro susto. O nome anunciado pelas letrinhas laranjas do celular era conhecido, querido, porém... Inesperado. Atendeu. Do outro lado da linha, ela, doce como sempre, e deste, estava ele, ainda um pouco atordoado. Conversaram, se atualizaram um sobre a vida do outro, lembraram um pouco do passado, de um momento muito bom diga-se de passagem. E depois de alguns minutos de conversa ele pergunta:

- E aí? Onde você está?

E ela responde meio mastigado e rápido, mas ainda sim, compreensível:

- Na casa do namorado.

Conversaram mais um pouco e desligaram. E agora, sujeito à invasão de todos os estímulos externos ele cantava baixinho uma música que vinha de algum lugar que não sabia bem, e para falar a verdade, nem percebia que cantava.

- “Enquanto você nunca aprende, eu fico te esperando pra gente errar o quanto quiser...”

E gesticulou como se tocasse bateria no ar, finalizando o trechinho com um prato imaginário, pegando seu livro e tentando lembrar onde parou.