quarta-feira, 21 de março de 2007

Momento.

É noite. Chove. E eu aqui, dirigindo. O dia foi cansativo. Agora, eu vejo as gotinhas de água que caem sobre o vidro se misturando com a luz traseira dos carros que me passam. É, to dirigindo devagar… É bom que eu tenho tempo para pensar em tudo. Tudo o que eu fiz, tudo o que eu vou fazer, tudo o que eu to fazendo… Essas coisas que andam rondando minha cabeça ultimamente. De repente, não mais que de repente me lembro da data.

- NÃO !

Grito no carro, socando o volante e passando a mão pela cabeça num leve desespero.

- Eu não acredito que você fez isso... Mas como é burro!

Logo vem ele para me perturbar e me acusar do meu erro.

- É... Eu fiz...

Falo em tom melancólico enquanto concordo com a cabeça contando os dias e torcendo

para ter errado na conta inicial. Não errei.

- Eu sabia... Sabia... Só você pra fazer uma coisa dessas. Primeiro vem com essa historinha boba de nostalgia, convencendo a todo mundo que você é um pobre coitado saudosista e que sente falta dos velhos amigos. Aí, você não manda o depoimento e agora ESQUECE O ANIVERSÁRIO dela? Cara, Sério mesmo. Se mata.

De fato. Esqueci o aniversário de uma pessoa importante do meu passado. E nem tão passado é assim, por que a gente ainda se fala vez ou outra pelo Msn.

- Escuta aqui. Pra começar que eu não me fingi de nada com aquilo sobre a nostalgia. Eu falei o que eu sentia e depois que...que...

Eu preciso arrumar uma desculpa pra mim mesmo. Para justificar isso.

- Que.. Que... QUE NADA! Nem tenta arrumar desculpa. Você esqueceu! E não diz que no dia você ficou atarefado de mais por que nem na faculdade você foi.

Filho da mãe. O Pior é que mais uma vez ele ta certo.

- Ahhhh... Eu não sei o que dizer. Eu... Eu....

Argh... As palavras me fogem nesse momento.

-Você é um Imbecil !

Eu to ficando cansado desse cara ter razão.

É isso. Os últimos 5 dias tem sido bastante difíceis pra mim. Nada tem dado certo. E por alguma razão eu tenho estado meio... Letárgico. Não sei se essa é a palavra. Mas na real o que eu tenho tido é um desânimo generalizado. E isso tem juntado com fatos de pura má sorte ou esquecimentos como esse. Alguma coisa tem me causado uma distração fora do comum. Só que eu não sei o que é.

- É por que você é um imbecil.

Ai Ai Ai.

- Olha... Eu vou concordar com você hoje. Mas não se acostuma.

Não só pelo esquecimento do aniversário. Mas pelo conjunto da obra.

- Há... Cada dia que passa eu sinto mais prazer em discutir com você. Agora, vá pedir desculpas para Ela.

É verdade. Vou mandar um scrap no orkut.

- Ok.. Eu vou.

Antes tarde do que nunca.

- Aproveita e manda o depoimento.

Nessa hora eu estendi o dedo médio para o espelho.

Cheguei em casa, larguei minhas coisas de qualquer maneira sobre a cama como de costume. Liguei o monitor. Como o de usual uma penca de mensagens no msn. Leio uma a uma. Até deparar com uma que dizia assim: “ Q absurdo!” Seguida de mais 3 que diziam: “Nem me deu Parabéns... tsc,tsc,tsc” “Estou decepcionada.” “rs.”

- IMBECIL !

É... Talvez seja melhor eu abrir o orkut e pedir desculpas logo.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Capítulo Dois.

Sentado em frente ao computador, conversando com alguns amigos vejo o tempo passar. O som da televisão configura na minha única compania. Olho para o lado, vejo um gato passando. A cabeça ainda está cheia com tudo o que eu escrevi recentemente. O texto gerou comentários interessantes, coisas que me fizeram pensar, pessoas que revelaram mágoa por eu ter sido um imbecil e outras que me falaram que apesar de toda a distância eu as marquei tão profundamente que nunca vou deixar de estar por lá.

- Ei... Imbecil?

Tava demorando.

- O que você quer?

Pergunto impaciente.

- Muito legal essa baboseira que você falou, mas vamos ao que interessa... E o Depoimento?

Sabia que não ia ficar barato.

- Não mandei.

Tento transparecer frieza, em vão.

- Por que eu não estou surpreso?

Maldito cinismo. Eu sabia que eu tinha que me livrar disso.

- Olha, não enche o saco!

Chega dessa cobrança.

- Não chora.

Filho da mãe.

É claro que eu não mandei. O que mudaria em tão pouco tempo? Talvez eu devesse mandar. É o certo a fazer.

- OBRIGADO !

Maldita voz. Ainda por cima com sarcasmo.

Enfim, nem sempre o certo é o que é feito. Digo, existem vários medos, várias inseguranças... Coisas normais. Sabe como é. Quem não tem isso?

- Eu não tenho!

Maldito.

- Você é idealizado.

Respondo com firmeza.

- Por você !

Espertalhão.

- Isso quer dizer o que?

Pergunta eloqüente.

- Quer dizer que você não queria ter nada disso citado acima !

Filho da mãe.

Ok Ok... Culpado. É claro que... Convenhamos que isso é o sonho de todo mundo. Vencer seus medos e inseguranças e viver ao extremo sem ter nada para se arrepender essas coisas mais. Mas onde que isso é possível? Em lugar nenhum!

- Erm, permita-me discordar. Mas no idealizado, isso é possível.

Meu Deus. Ele não para !

- Olha, no seu caso não se aplica, ok?

Quem sabe agora ele entende.

- Posso saber por que não? Se eu sou uma parte de você e você quer ser o que eu sou, por que você simplesmente não é?

Detesto quando ele me coloca em xeque.

- Por que não é tão simples. Existem pessoas que podem ser afetadas por isso e toda uma regra social... Timidez.

Quem sabe ele não entende o mundo real.

- Bah. Desde quando o que as pessoas pensam te incomoda? Sabe,até onde eu sei tem pessoas que não se ligam tanto nisso quanto você e se dão muito melhor do que você.

Desgraçado. Não é que ele ta certo.

- Isso quer dizer o que?

Aonde ele quer chegar?

- Que você é um imbecil!

Eu vou matar esse cara.

- Algo mais?

Vou cortar pra ver se ele para.

- Além disso? Que você ta perdendo momentos importantes com coisas insignificantes.

Xeque-Mate.

- ....

Falar o que? O cara tem razão.

- Ahh. O doce sabor da vitória. Você não me deve... Desculpas ou Obrigado?

Não acredito.

- Não força!

Que safado.

- Ok Ok... Não chora.

Filho da mãe.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Nostalgia

É incrível a capacidade que o ser humano tem de entrar na vida dos outros do nada... E sair da mesma maneira que entrou. Não que eu quisesse que todos que entraram ficassem... Mas o fato é que tem pessoas que não deviam sair, que saem. Isso me leva a outra questão. Devemos contar as pessoas que saem ou perguntar por que elas saem? Pensando e remoendo o passado, levando em conta que eu não sou um ás da memória, eu não acho uma razão lógica. Talvez, é bem provável que eu tenha sido um imbecil em algum ponto da minha vida e provoquei isso. Essa coisa de reflexão vai longe... Vai gerando perguntas que antes eu não tinha feito.
- Por que nos infernos eu fui imbecil com pessoas tão importantes?
Me respondo:
- Isso se você foi mesmo imbecil, não é, Imbecil?
Me retruco:
- Verdade.

Não estou querendo colocar culpa de nada em ninguém. É que esses últimos dias eu tenho me sentido nostálgico. Acabei até mesmo remexendo meu fotolog. Quem me conhece sabe. Meu fotolog é um baú trancado que eu –quase- nunca reviro. Enfim, respaldado por esse sentimento incomodo, me coloquei a deletar todas as fotos do meu fotolog. E achei o comentário de uma pessoa importante. Entrei no fotolog dessa pessoa. Tinha trocado. Segui as pistas até outro fotolog. Essa pessoa não postava nada desde 07/2006. Porém, perspicazmente percebi um pequeno link ao lado. O link dizia: “Meu Orkut”
- Bingo !
Achei! Mandei uma mensagem. Vou ser respondido ? Não sei. Provavelmente uma resposta seca tipo um “Oi ! Quanto tempo!”. Seguido de um pedido para ser meu amigo e provavelmente, se eu não correr atrás, não nos falaremos mais.
- Deja
Falo sozinho no quarto.
- Com a mesma pessoa ?
Me perguntou só para garantir.
- Yup
Me lembro.
- Imbecil
Concluo.

Enfim... Às vezes, sozinho, eu tenho esses surtos de remexer o passado, procurando remontar os bons momentos. E vou caçando componentes do passado que por alguma razão eu afastei. A maioria desses componentes não sabe nem mais quem eu sou. E ainda sim eu teimo em tentar. Parado no quarto, hoje mais cedo, antes dessa saga do fotolog, me peguei escrevendo um depoimento para mais um componente do meu passado. O depoimento cheio de emoções e escrito de sopetão, por que se eu for elaborar o texto vou perder meses e escrever 3 linhas. E agora, de madrugada, percebi que não mandei o texto.
- Quantas linhas mesmo?
Tento lembrar.
- Que se dane, eu sei que foi grande!
Pra que ficar medindo a intensidade de textos?
- E você não mandou?
Maldita voz acusadora na minha cabeça.
- Não.
Falo. Convicto de que fiz o mais certo.
- Covarde !
Não posso retrucar isso.
- Mas... Mas...
É tudo o que a gente fala quando não tem razão.
- Mas o que? Vai mandar? Duvido.
Eu me conheço bem.
- Preciso pensar !
Há... Boa desculpa.
- É por isso que você se ferra... Imbecil.
Perdi a discussão comigo mesmo. E tudo o que fiz foi anotar isso.