quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Justiça Poética.

(para os leitores desavisados. Aconselho lerem os textos "Cavalo Manco" e "Cavalo Manco
(parteII)" para melhor compreensão deste.)



Tarde de domingo. O Sol bate na minha janela e eu posso ver os raios entrando. Suspiro. A temperatura agradável, o sol me chamando e o ócio me convidam a sair de casa. É isso que eu faço. Coloco um par de chinelos velhos e vou caminhar pela rua. O dia está lindo. O vento bate suave no meu rosto, as ruas sem carros, silêncio. Eu gosto dele. E então, passo em frente a uma banca de jornal. Passo os olhos pelas coisas que estampam a vitrine principal. Fofocas, novelas, carros, mulheres nuas... Mas algo me chama atenção. Pego um jornal de pouca expressão e aproximo do meu rosto para ler melhor. Me surpreendo, mas nem tanto, com a matéria principal:

- Fraude nas corridas de cavalos. Apostador que vencia sempre foi descoberto fraudando as corridas.

E lá estava a foto homem. Aquele mesmo homem. Um homem, alto, bem apessoado. Cheio de jóias e colares e usando roupas caras que estava no seu camarote cheio de pessoas. O mesmo que ganhou a fatídica corrida na qual apostei errado. Não evito de rir. Passo os olhos pela matéria sem muito interesse. Acho que já não me faz mais diferença. Mas o final, é sempre bom ler o que está sendo feito para punir uma pessoa dessas. E a resposta não é tão surpreendente assim:
“ ...E atualmente o fraudador continua em liberdade, o prêmio não foi retirado dele e ele aguarda o julgamento em liberdade. Os indicadores demonstram que ele não deve ser punido e poderá pagar a pena com serviços sociais”

Olho para o homem da banca, tiro uma nota do bolso e entrego para ele enquanto ergo o jornal para mostrar o que eu estou comprando. Ele sorri, olha para a matéria e arqueia as sobrancelhas como quem diz: “É sempre assim por aqui, não é?” Eu sorri de volta, respiro fundo e concordo com a cabeça.

- Definitivamente a justiça não funciona no Brasil....

Me viro, e saio andando.

- Nem mesmo a Justiça Poética.