sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Vontade.

Entro em casa, chuto a primeira coisa que eu vejo pela frente. Meu gato. Coitado. Mas eu não quero saber de nada. Algo me perturba fortemente, me faz ficar irritado e irracional. Jogo minha mochila em cima da cama, preciso me livrar correndo dessa camisa social. Quase arranco os botões enquanto faço um equilibrismo parcial para tirar os sapatos. Jogo camisa para um lado, sapatos para o outro. Pego meu short, troco a roupa por completo. Respiro fundo, será que já me sinto melhor. Porra nenhuma. Estalos os dedos, mordo o lábio inferior. Resolvo andar pela casa enquanto pronuncio em tom muito baixo qualquer coisa que me vem na mente. Preciso para de pensar nisso. Apoio o ombro na parede, fico olhando a janela de vidro fechada. Chove. A imagem que eu tenho é distorcida por causa da quantidade de água na minha janela. Ainda sim, não me sinto incomodado. Não quero ver o que está atrás do vidro. Quero ver o que está na minha mente. Por que você ainda está por aqui? Por que nos infernos ainda não me livrei desse fantasma? Eu podia jurar que era coisa do passado. Poderia jurar que não sentiria mais nada. Tinha quase certeza.

- Quase...

E então, leio meus lábios refletidos no vidro enquanto falo bem baixo, quase inaudível. Suspiro, bato com a testa no vidro, tentando te expulsar na base do ataque físico. Já sei que isso não funciona. Mas é sempre válido tentar mais uma vez. Coço o queixo, olho para o celular e cogito mandar um torpedo. Mas não é tão forte assim. O pensamento sim, mas os atos... Não. Jogo o celular em cima de uma superfície fofa, para não quebrar, Me jogo na cama e ligo a televisão.

Como diria minha Vó: Vontade é uma coisa que dá e passa.