Ando meio abaixado, sorrateiro na calada da noite. Olho para os lados com aquela cara de um imbecil que se acha malandro, crente que ninguém está o vendo, que está incógnito no meio da multidão. Mordo o lábio inferior, passa um conhecido e acena. Eu aceno de volta. Ele pára para conversar comigo. Maldição. Me pergunta as coisas de praxe, como estou, e minha família, estudos e essas coisas. Mas ele olha para a minha roupa. Um sobretudo digno de um filme Noir e um chapéu estilo Investigador-dos-anos-20. Ele me pergunta onde eu vou. Olho para os lados, pessoas andando em pleno Rio de Janeiro, 2007. Calças jeans, bermudas, camisetas... E eu daquele jeito. Desconverso.
- Estou indo comprar Pão.
Ele me olha de lado. E eu sorrio amarelo, convencido de que enganei ele. Ele suspira. Me conhece bem de mais. Sabe que eu estou fazendo a coisa errada. Mas não me questiona. Apenas se despede e caminha na direção oposta a minha. Essa foi por pouco. Continuo meu caminho, olhando para trás a todo o momento, olhando para os lados, quando vejo um policial, mudo meu caminho. Atravesso ruas. Caminho apressado. Cabeça baixa, cruzo os braços apertado. Esbarro nas pessoas e mando um pedido de desculpas mastigado, emburrado. Tentando passar desapercebido. E ao longe, vejo meu objetivo. A casa de apostas. Apresso os passos. Todos, menos eu, sabem que eu faço papel de ridículo. E quando tento disfarçar provavelmente se sentem ofendidos. Mas eu insisto na mentira. Quero enganar a todos, até a mim mesmo. E o pior, acredito piamente que consigo. O frio na barriga aumenta, cada passo que eu dou para mais perto da cabine de apostas multiplica minhas batidas do coração por 10. Ofegante, tiro minhas economias do bolso.
- Tudo isso, Naquele ali.
Aponto um nome no letreiro. O Velho que recebe as apostas arregala os olhos, olha para tudo o que dei para ele, suspira e toca a minha mão como se fosse um Avô dando conselho para um neto
- Meu Filho, você está apostando tudo num Cavalo Manco.
Sorrio para ele, sem jeito. Alguém tinha que saber.
- Eu sei, Senhor. Mas é mais forte que eu.
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3 comentários:
Ahm... Será q eu já falei q vc escreve mto bem ???? rs Gostei mto do conto (É conto? Faltei essa aula na escola) do cavalo manco. Bjus
ahh akino, mt bom seu conto sobre o apostador, com essa metafora de como apostamos nossas esperancas em coisas perdidas!
ta vendo como eu entendi?hauahuaa
bjoss
Akino... apesar de eu saber o que acontece com o cavalo no final... quero te falar que vão surgir muitos novos cavalos de altíssima qualidade para suas apostas... e vc sempre vai ganhar...
Abraços. Flavio
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